quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

“Tudo aquilo que você não perderia seu tempo lendo em outro lugar”

Tenho uma relação de amor e ódio com historiadores, ou pessoas de outras áreas que atacam de historiadores. Gosto porque sempre levantam algumas questões que não tinha pensado antes. Não gosto porque quase sempre tentam tirar conclusões precipitadas sobre suas teorias. Alguns exemplos de livros bons/ruins são “Guns, Germs, and Steel: The Fates of Human Societies”, de Jared Diamond, e “The Wealth and Poverty of Nations: Why Some Are So Rich and Some So Poor”, de David S. Landes. Os dois levantam questões importantes, mas são muito ambiciosos em tentar explicar os motivos da evolução de algumas nações. Apesar disso, às vezes gosto de perder meu tempo com essas coisas.

Para mim a questão é que, como disse alguém que eu não lembro o nome, "você pode dizer que um cubo de gelo no sol, ou um torneira gotejando, vai criar uma poça d'água. Mas não podemos afirmar ao ver uma poça d'água que ela veio de um gelo derretido, de uma torneira, de uma chuva, infiltração, etc". Apesar disso, às vezes gosto de perder meu tempo com essas coisas.

Mas depois dessas besteiras, o que eu quero mesmo é falar de um artigo que estou gostando muito, "Was Weber Wrong? A Human Capital Theory of Protestant Economic History" do Sacha Becker e do Ludger Wößmann (alguém sabe como pronunciar??). Eles discutem o importância da religião para o acumulo de capital humano da população protestante. (Acho que depois de ver o filme do Chico Chavier fiquei tocado com essas questões religiosas).

Eles pegaram dados da antiga de Prússia, berço de Weber e Lutero, referentes ao final do século 18. O objetivo é discutir os meios pelos quais a ética protestante fez com que a região "largasse na frente" em termos de capital humano. E pelo título não é difícil imaginar que eles proprõe uma abordagem diferente da de Weber. O ponto em si é que a Prússia estava a frente das demais nações não somente porque a ética protestante pregava a salvação por meio do trabalho, mas porque ao traduzir a Bíblia e fazer com que os fiéis a lessem, a religião acabou por incentivar a alfabetização da população.

Ainda não li o artigo inteiro, que está disponível em http://epub.ub.uni-muenchen.de/1366/1/weberLMU.pdf , mas caso tenha algum apressadinho querendo ler na minha frente, fique a vontade para comentar. E para quem quiser criticar o modelo vale o mesmo, comente, isso com certeza não vou fazer.

Não gostou? A mão na sua cara.