quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Livros de Administração

Outro dia escutei uma conversa no elevador que me fez lembrar de alguns livros sobre administração que fui obrigado a ler. Então resolvi escrever um post sobre as besteiras dos livros de administração. Mas para o post não ficar longo vou escrever em duas partes. Neste primeiro o objetivo é assoprar, fazer um carinho... para depois bater. Vou assoprar com o livro "Origin of Wealth: Evolution, Complexity, and the Radical Remaking of Economics", do Eric D. Beinhocker.

O autor fala de algo mais real e, ao contrário da maior parte dos autores, ele não tenta vender a ideia de que se você fizer um planejamento estratégico, traçar metas e trabalhar duro vai alcançar o paraíso. Muito pelo contrário. Não existe paraíso (será que precisava escrever isso???). O mercado é dinâmico (será que precisava escrever isso???[2]) e você tem que, na comparação do autor, correr e correr para continuar no mesmo lugar. O único benefício é não ser passado para trás. Ele usa estudos e dados para ilustrar o argumento e não fica naqueles conceitos de planejamento perfeito que mais parecem de livro de auto-ajuda.

Falo isso porque muitos autores (dos que li) vendem o Planejamento Estratégico como alguma coisa perfeita. Você tem que traçar um plano, com objetivos, indicadores ("porque o que não é mensurável não é administrável", não é esse o jargão?) e planos de ação. Além disso, trabalhar para executar o plano. Mas isso é pura besteira. Sempre pensei que o que tem que ser feito é manter sua agilidade, correr. Porque quando se faz um PE assume-se premissas, e por mais que elas estejam certas, o cenário planejado não irá ocorrer 100%(será que precisava escrever isso???[3]). Então mesmo que os administradores acertem o cenário e algumas premissas, a empresa terá que ter agilidade para se adaptar às premissas que saíram do cenário planejado. E quando as premissas são mal feitas nem se fala. Aí está o valor do livro, atentar para esse ponto.

Para concluir, o que me intriga nos administradores é o fato de eles irem cada vez mais na direção contrária da direção do resto das profissões. Enquanto todo mundo quer simplificar, parece que eles na ânsia de serem reconhecidos como ciência, tentam complicar as coisas simples e elaborar teorias complexas sobre elas. Se o mestre Giannetti já falava que "pensar é a arte de tornar as coisas mais simples do que são", então essa parece ser a prova de que esses administradores não andam pensando muito.

E administradores, não me levem tanto a mal, se você não tenta escrever um best-seller, "tese" ou artigo sobre um mundo perfeito, ou tenta me vender que sua empresa funciona como planejado, você não se enquadra na crítica acima. Calma.

Gosta de auto-ajuda administrativa? A mão na sua cara!

ps.: Queria pedir aos ex pupilos do Falconi para contribuir. Como vocês já saíram de lá faz tempo podem me ajudar com exemplos de livro. O ex chefe é cheio deles.

3 comentários:

Daniel disse...

Planejamento Estratégico é A Volta do Cão Arrependido

Anônimo disse...

Meus caros,
Só uma pequena ressalva. Economia e administração apresentam uma interface absurdamente grande e contém a mesma base teórica (dentro dos campos que tratam das mesmas coisas). Um doutorado em uma boa Bussiness School do mundo não deixa nada a desejar a um doutorado em economia em uma boa universidade do mundo. Os caras tem que estudar muita microeconomia, muita matemática e muita estatística. Uma grande parte dos professores nestas bussiness schools fizeram doutorado em economia e muitos economistas espetaculares são doutores em bussiness. Esta discussão no Brasil é viesada devido aos dois lados:
1- De um lado, esta "teoria" wishful thinking senso comum esquisita dos administradores (sem nenhuma relação com as discussões sérias feitas hoje em dia).
2- Por outro lado, a péssima formação da maioria dos economistas brasileiros (que não sabem nem micro, nem matemática nem estatística), que acha não existe relação entre os dois campos, que as atividades e os problemas administrativas não são suficientemente relevantes para ele se preocupar (ele se preocuparia com os problemas da humanidade) e estas coisas todas.
Ou seja, nós, economistas, aqui no Brasil, somos tão culpados e ridículos quenato eles.
Saudações.

Gari disse...

Anônimo,

Concordo com você quando diz que um bom doutorado numa business school agrega tanto quanto um em economia. Também concordo que muitos dos cursos aqui não são bons.

Mas discordo quando fala que muita gente não vê a relação entre os dois campos. Para mim muitos reconhecem, até mesmo por isso existem essas provocações.Mas assim como na economia, existem os picaretas, na administração também. Mas aqui eles aparecem mais, e vendem best-sellers.

O ponto que quis levantar foi que alguns autores, principalmente de estratégia, utilizam a abrangência do assunto para propor teorias absurdas. Complicar alguns pontos e simplificar demais outros que não deveriam, principalmente quando tratam de rotinas empresariais.