sábado, 9 de outubro de 2010

Resenha de quinta no Sábado


Ganhei esse livro de aniversário e comecei a ler sem entender muito bem do que se tratava. A princípio parecia um livro de piadas, daquelas sem muita graça. Mas o livro é muito bom e faz aquilo que eu sempre tive vontade de fazer, desmascarar meus professores de geografia e história do ensino médio. E certamente o livro vai servir de guia para meu filho mais novo antes de ele entrar para o ensino médio, para já ir blindado. Isso porque o meu filho mais velho já passou por isso, e inclusive era para estar fazendo esse post no meu lugar. Mas o menino anda rebelde....

Vamos ao livro, mas não sem antes fazer uma advertência. O escritor é jornalista, então o livro está cheio de julgamentos fáceis e conclusões precipitadas. Basta levar isso em conta que a leitura será excelente.

Cada capítulo do livro trata de um tema ou personagem brasileiro que a respectiva história foi baseada em mitos e passada a frente por várias gerações, sem que ninguém fizesse uma busca pelos fatos com maior rigor. Mas recentemente surgiram alguns pesquisadores que têm pautado seu trabalho em recontar a história com base em fatos e dados reais, e não buscando criar heróis ou fortalecer uma cultura brasileira forjada.

Aí vão alguns fatos. Uns mais interessantes do que outros:

- Os índios não viviam em harmonia completa com a natureza e muitos menos eram inocentes. Muito antes dos europeus já guerreavam entre si. Foram fundamentais na conquista do território, sem seus escravos (de outras tribos), ajuda para abrir caminho nas matas, matar inimigos e proteger os portugueses, o Brasil nunca teria sido ocupado.

- Zumbi dos palmares, tratado por uns como líder da "primeira experiência socialista brasileira", tinha escravos. E os escravos libertos que fugiam para Palmares tinham um imperador, que deveriam obedecer, o Zumbi. O próprio líder fazia investidas contra fazendas em busca de roubar os escravos, não para libertá-los, mas para trabalhar para ele. Os "livres" eram somente aqueles que chegaram lá fugidos.

- A origem da feijoada é européia. Negros e índios não tinham o costume de misturar carnes a grãos, esse era um hábito do império romano, e outras culturas européias adaptaram cada uma a sua forma. Por exemplo a paella espanhola, ou o cassoulet francês. Os portugueses fizeram a versão deles, a feijoada.

- Guerra do Paraguai. Os paraguaios eram governados por um tirano, o país era rural e pobre, e a Inglaterra não teve relação nenhuma com o início do conflito. O conflito começou por uma investida irresponsável do paraguaio contra o Brasil, e quando Argentina e Uruguai não deram apoio, Solano López, declarou guerra aos dois países também. Sua burrice não o deixou perceber que ele estava acabando com seu acesso (o Rio da Prata) aos armamentos e comida. Depois disso todo mundo já sabe. Ou não. Não morreram tantos homens como os comunas alegam, estima-se que no máximo 18% da população teve envolvimento com a guerra.

O post ta ficando longo e eu com preguiça. Então vou parar por aqui. Para quem quiser continuar a leitura aí vão os dados:

Nome: Guia politicamente incorreto da história do Brasil
Autor: Leandro Narloch
Editora: Leya

Não gostou, prefere acreditar nas historinhas de super heróis? A mão na sua cara

3 comentários:

Modes disse...

A Super Interessante (que já não é mais a mesma) havia convocado o autor Leandro Narloch para escrever a reportagem de capa há alguns meses atrás. O assunto era o mesmo do livro.

Foi ótimo perceber um pouco melhor o compromisso dos historiadores em retratar o que de fato aconteceu. Melhor ainda foi recordar que alguns de nossos professores da graduação tinham esse compromisso e foi ter a certeza que a ira do Gari com professores de geografia/história vem desde moleque.

Gari disse...

A ira não é com os professores, mas com o que eles ensinam.

Exemplo: minha professora de 1o ano do ensino médio, saudosa K., muito simpática, adorava uma cachaça (chorou quando demos uma garrafa de presente para ela), mas a unica coisa que nos ensinou foi que Luís Carlos Prestes foi um herói. De resto só enrolava os alunos.

Daniel disse...

Hahaha. A minha professora (e do modes) só ensinava que "Minas é jóia" e também gostava de cachaça.