terça-feira, 18 de maio de 2010

A "indústria da morte"

O post não é sobre a indústria de cigarro, como muita gente poderia pensar. A minha idéia é que existe uma indústria ligada a morte, cemitérios, funerárias, lanchonetes, fabricantes de caixões, etc, e nem por isso todo mundo critica. Talvez escrever esse post logo após o “Chega de campanhas anti-fumo” fique parecendo que estou tentando defender a indústria do cigarro, mas não é. O que me deixa p#@$ é que muita gente vai na onda de criticar determinados setores sem parar para pensar (ex: cigarros, bebidas, bancos, extrativas...). Não acho que eu esteja totalmente certo, e devem ter muitos argumentos contrários a mim.

A idéia veio quando, recentemente, fui a um enterro. Naturalmente, o clima estava pesado, e pouca gente com cabeça para pensar em outras coisas que não o falecido. Mas resolvi e beber uma água, e fui até a lanchonete. Ai começou tudo. O atendimento da lanchonete era bem semelhante ao da cantina da FACE. Quando fui pagar a garrafinha de água é que complicou, R$ 3! Quando saí vi que ao lado da sala do velório tinha um senhor numa mesa (bem no meio do caminho) escrito “Vendas”. Ele negociava caixões e o local de enterro. Claro que ele não precisava estar ali, afinal quem está sendo velado jê tem tudo isso pronto, ele poderia ficar na administração.

Até ai são só certas “indelicadezas” com os parentes e amigos dos mortos, mas fui conversar com um amigo que tinha acabado de enterrar a sogra. O preço total do serviço foi mais de R$ 6 mil. Não entrei em muitos detalhes, mas soube que foi R$ 4000 de caixão* e R$ 600 da lápide de granito (bem pequena). E é claro que na hora do desespero ninguém vai negociar, imagina, “Da um desconto ai, ninguém gostava muito dele!” ou “É só um morto, 10% pra pagamento a vista?”.

Fui dar uma pesquisada rápida sobre o assunto, mas fiquei sem paciência, muita enrolação nos sites e pouca informação. No entanto algumas coisas me chamaram a atenção. Neste site tem planos funerários, você pode escolher, o Plano Individual, o Empresarial, o Igreja e o Familiar, para a família toda, que comodidade não? E também encontrei esse comercial, que até agora estou na dúvida se é uma comédia ou se é sério. Resumindo, tem muita gente lucrando com a morte que não é a indústria de cigarro, e ninguém fala nada.


Agora voltando a realidade, por mais que esse tipo de coisa seja desagradável, ou que muita gente ache escroto, é claro que tem que ter serviços funerários, e mão de obra para isso também. Assim como tem que ter na indústria do tabaco, na alcoólica, na automotiva, na igreja, etc. Não penso que eles são uns babacas, como tentei induzir acima, eles tem mercado e estão ocupando. Infelizmente precisa de alguém para fazer esse serviço. Minha idéia era só mostrar como é fácil ficar falando besteira e culpar os outros pelos serviços que nós não queremos fazer.

Não gostou? A mão na sua cara! E vai enterrar seus parentes no quintal!

* Estou certo de que se você pedisse para uma empresa de móveis (de um amigo meu) fazer o caixão ia sair bem mais barato. Não vou falar o nome porque ficaria parecendo merchandising pra Stile Móveis. Mas de certa forma eles não fariam, porque não mexem com isso. Ao não ser que você pedisse uma caixa para guardar um homem. Talvez eles nem desconfiariam que se trata de um caixão.

5 comentários:

Modes disse...

Paulo Miklos diz: Oh! Oh! Oh! Homem primata, capitalismo selvagem!

Olha que beleza é o capitalismo, onde tem uma brecha pra ganhar grana, o empreendedor se embrenha e está pronto um mercado, é só 'alegria'. Necessidades do consumidor satisfeitas! E o mais legal, o capitalismo não tem pudores, satisfaz as mais diversas necessidades como divertir uma criança num circo, ou uma mulher adúltera em casa de swing... e até o mais cruel de todos, que é transmitir domingão do faustão (há anos no ar) para entreter a patota.

Vou aproveitar a deixa pra dar uma de Má, ou de Lu, ou de Malu de meias (http://maludemeias.blogspot.com/) e indicar um filme que não é "de segunda", um filme de primeiríssima, que ganhou o Oscar de melhor estrangeiro no ano passado. É um filme japonês, chamado A Partida, que trata justamente do preconceito da sociedade japonesa com os trabalhadores do "mercado da morte". Ninguém lá quer fazer o trabalho sujo e quem faz ganha uma grana boa, tem muito a ver com o post do Gari. Mas relaxem, não é um filme moralista, ele gira em torno da história pessoal de um homem, é bem despretensioso. Tenho certeza que as Malus poderão resenhar bem esse filme... recomendo!

Bela disse...

Mercado é isso...
Lei da oferta e demanda.
Ou então tá rolando um cartel entre as empresas de serviços funerários. Mas isso é crime economico/corporativo e cabe as autoridades averiguar...

MAs acredito que deva ter pouca oferta e muita demanda mesmo (SEI LÁ).. Quem tá achando ruim, pode abrir uma funeneraria e fazer um serviço mais "bunitinho" cheio de ética e preço justiceiro... Funeraria não deve ser um investimento tão alto (não sei quanto a parte burocrática, se tem q ter contratos com cemitérios ou ser amigo de político, etc) e o retorno financeiro pode ser gratificante. O retorno do morto é garantido que não ocorre. O que é ótimo, pq seria muito chato a galera ficar falando q o caixão dá torcicolo...

Como disse o modes, viva o mercado!
Se fosse um regime socialista, vc não iria poder escolher enterrar o Dentão num caixão cheio de rosas, margaridas, violetas e frutas frescas pra combinar com ele... Meu pai! Adoro esse cara!!

Em um regime socialista, como a
Demanda por morrer seria tão ALTA, o governo não iria se dar ao trabalho de fabricar caixão pra galera, pois teria um alto custo... O governo iria dar uma pá cega com cabo vermelho para a familia abrir a cova do felizardo..

Qd eu morrer eu quero caixão com amortecedores que é pra não chacoalhar muito até chegar lá em baixo, onde as pessoas chamam de inferno. Eu chamo de Paraíso! Pq vc vai descendo descendo e ao invés de vc parar na ásia em meio aqueles chineses, japoneses, todos criaturas estranhas, vc para antes e conhece alguem chifrudo como vc... Vc chega recebendo um consolo... Além do mais, eu nunca ouvi falar que garotas de programa vão para o céu. Galera me conhece e sabe que eu não contrato esses tipos de serviço.. Mas no inferno, as vezes será melhor do que abraçar o Capeta..

Abraço

Bela disse...

Gari, eu sei q vc não tá reclamando dos caras que fazem o serviço funerário.. Sei q sua idéia era só mostrar como é fácil ficar falando besteira e culpar os outros pelos serviços que nós não queremos fazer.
Eu concordo com vc..

Abs.

Anônimo disse...

Muito interessante o comentário, e é verdade... apesar de um caixão ser muito caro. Caixão tem que ser feio e barato, afinal não vai enfiar na terra e deixar apodrecer? Tinha nem que ter na verdade...
Quem sabe se eu montar uma empresa que vende o seguinte serviço: aluga um caixão bonito, mas enterra num vagabundo, as pessoas comprariam? As mais pobres talvez...
E outra: acho que esse pessoal da Stile Móveis parece bastante competente, desconfiariam sim da caixa pra guardar um homem! Mas venderiam assim mesmo.
Abraços do Lemaldo

Turres disse...

Melhor do que assinar como Lemaldo, é assinar como TURRES.
Corrijo a minha assinatura, portanto.